quinta-feira, 17 de outubro de 2019

EFEITO NOCEBO


A palavra placebo é muito mais comum no nosso dia a dia. Quem é que nunca tomou uma aguinha com açúcar naquele momento de estresse para se acalmar, e acabou se acalmando mesmo? 

Se analisarmos o efeito deste ato chegaremos a uma conclusão curiosa, a ideia que a água com açúcar se torna um “calmante” não faz sentido, pois o açúcar fornece energia para o corpo e não o contrário. 

E é aqui que entra o famoso efeito PLACEBO, você acredita que aquela mistura te deixará mais tranquila e acabada deixando mesmo.

O efeito NOCEBO é o oposto!
Quem é que nunca teve aquele encontro com uma amiga querida e a mesma lançou aquele: 
“Nossa amiga(o), que olheiras são essas?”
“Nossa amiga(o), você está tão pálida?”

De repente, você que estava bem até então, começa a duvidar de sua saúde e passa a ter reações desagradáveis como resultado de algo que não faz sentido algum.

Ou então, a pessoa passa a ter reações desagradáveis como resultado de algo que não pode fazer mal, por exemplo:
Ser picada por uma cobra não venenosa.

Os profissionais da área da saúde também acabam reproduzindo o efeito Nocebo em seus consultórios, por exemplo:
É muito comum o paciente com dor lombar ou cervical consultar o médico e o mesmo solicitar exames de imagem. 

Lembre-se, tudo o que o paciente quer naquele momento é se livrar da dor, e entender o que está acontecendo com ele.

O médico prescreve o uso de analgésicos, solicita exames de imagem, geralmente a ressonância magnética, ultrassom ou tomografia.
No retorno, o paciente que ainda não se livrou da dor, apesar de medicado (Isso ocorre por diversos fatores, uma vez que o medicamento atua apenas no sintoma e não na causa), ouve do médico:
“Sua coluna parece a de uma pessoa de 90 anos!”
“Seu joelho está osso com osso!”
“Desde jeito você terá que fazer exercícios somente na água!”

O paciente neste instante se sente inseguro e “coisas” começam a passar pela sua cabeça, como:
“Sou frágil!”
“Não posso fazer nada!”
“Não posso dobrar a coluna ou virar o pescoço!”
“Daqui a uns anos não vou conseguir me mover!”

Isso é o efeito NOCEBO, o próprio profissional da saúde induz o paciente erroneamente a pensar que seu caso é grave, e que não vai se livrar do problema tão fácil, etc. 

É necessário que os profissionais de saúde entendam todo o processo que o paciente vivencia para obter sucesso em seu tratamento, em alguns casos é necessário uma equipe interdisciplinar: Médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, etc.

É importante mencionar que cada paciente precisa de uma abordagem específica, e apenas uma avaliação funcional é que vai determinar os rumos do tratamento. 

A reabilitação de uma pessoa com dor não pode ser limitada ao resultado do exames.

O vídeo acima mostra o episódio onde o Seu Madruga começa a adoecer porque todo mundo pergunta se ele "se sente mal”.

E você, já sofreu com esse efeito ou algo assim? 

Referências 
Benedetti F. Placebo and the new physiology of the doctor-patient relationship. Physiol Rev. 2013;93(3):1207-46. 

Testa M, Rossettini G. Enhance placebo, avoid nocebo: How contextual factors affect physiotherapy outcomes. Man Ther. 2016;65-74. 

https://youtu.be/_DWLJ-Wj_lo


terça-feira, 13 de agosto de 2019

O QUE FAZ UM FISIOTERAPEUTA?


VOCÊ SABE O QUE UM FISIOTERAPEUTA FAZ?

Por incrível que pareça ainda existem muitas dúvidas por parte dos pacientes e alguns profissionais da área da saúde sobre a atuação do fisioterapeuta.

Talvez isso se deva ao fato de ser uma das áreas mais jovens da saúde. A primeira escola de reabilitação foi criada no Rio de Janeiro em 1956 pela Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR).

Mas o que faz um fisioterapeuta?
Em poucas palavras podemos dizer que o fisioterapeuta é o profissional do movimento. Não curamos patologias, apenas devolvemos função às estruturas acometidas por patologias.

O fisioterapeuta também atua na prevenção de lesões (infelizmente a nossa cultura é de tratamento e não de prevenção).
Certa vez durante o atendimento de fisioterapia um paciente de dor lombar crônica disse a seguinte frase:
“Mas eu vim para fazer fisioterapia e não exercícios.” 
Surpresa com aquela reação perguntei o que seria fisioterapia para ele, o qual me respondeu:
‘’Há muitos anos sinto esta dor e sempre fui tratado com choquinho, Ultrassom e alongamentos.”
Fica claro o desconhecimento do paciente e a sua visão distorcida de que fisioterapia seja algo passivo quando na realidade fisioterapia é o contrário, sendo o próprio paciente o protagonista e não o fisioterapeuta. (Não vou entrar no mérito da conduta usada pelo profissional, sabemos hoje que a eletroterapia não é a conduta mais adequada para este caso). 
É fato que para uma boa prática profissional as condutas fisioterapêuticas estejam adequadas às preferências e ao consentimento do paciente. 
Por este motivo é fundamental que o fisioterapeuta seja um facilitador da reflexão do paciente para que valores culturais nocivos, como a cultura do conforto sejam desconstruídos. 
É muito comum que o paciente resista em mudar seu estilo de vida. Fatores como sedentarismo, preguiça e necessidade excessiva de conforto podem ser os agentes causadores de seu desconforto.
Sendo assim, muitas vezes o paciente espera que o atendimento de fisioterapia seja composto apenas por condutas passivas, eximindo toda a sua responsabilidade sobre o tratamento.
É fato que cada caso é um caso, porém, em vias gerais o atendimento de fisioterapia é composto em sua maior parte por condutas ativas (realizadas pelo próprio paciente).
É dever do fisioterapeuta educar sobre a influência de comportamentos nocivos a saúde, facilitando a mudança no estilo de vida, promovendo assim um estilo de vida com mais movimento.
Afinal, a fisioterapia não termina no momento que se finaliza o atendimento, é um processo que vai além da clínica de fisioterapia.
Referências 
Santurbano P. Evolução e movimentação humana. São Paulo; 2017. 
Cavalcante CVL, Rodrigues AR, Dadalto TV, Silva EB. The scientific evolution of the Brazilian physical therapy in 40 years as a profession. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 3, p. 513-522, jul./set. 2011 
https://www.abbr.org.br/abbr/historico/historico.html

domingo, 4 de agosto de 2019

ACUPUNTURA FUNCIONA?


SIM, Funciona e muito!

A acupuntura é uma das principais modalidades de tratamento da medicina tradicional chinesa (MTC). É uma importante técnica complementar ao tratamento de várias patologias.

Pode ser aplicada sozinha ou integrada com outras técnicas. Tem sido utilizada para tratar dores agudas, crônicas e condições psiquiátricas (depressão, ansiedade, dependências e etc.)

Segundo a visão oriental o objetivo da acupuntura é promover o equilíbrio da energia vital (Qi: pronuncia-se ti em Chinês). Quando esta energia se encontra em desequilíbrio surgem as patologias e os seus sintomas.

O Qi (energia vital) é dividido em dois grandes grupos, o Yin e o Yang, estas são energias opostas. Os seres humanos são considerados saudáveis quando o yin e o yang estão em equilíbrio e em quantidade suficiente (Filosofia Taoísta).

O Qi circula no corpo através dos meridianos (canais de energia). Ao todo temos 14 meridianos, sendo, 12 principais e 02 extraordinários. Estão presentes nos meridianos 365 pontos de acupuntura (acupontos).

Os pontos necessários para o tratamento são selecionados a partir de uma criteriosa avaliação composta por duas etapas:

01 – A primeira etapa o paciente geralmente não percebe, pois é realizada através de observações, como: modo de caminhar, postura, forma corporal, expressão do rosto, cabelos, tom de voz, gestos, olhos, orelhas, nariz, pele, lábios e respiração.

02 - A segunda etapa é composta por interrogatório, e dependendo do caso, pulsologia e inspeção da língua.

Após a avaliação o acupunturista elabora a sua estratégia, seleciona os pontos adequados e inicia o tratamento. Não existe receita de bolo, cada caso é um caso!

O número de agulhas pode variar de 01 a 15. Quanto maior a expertise do acupunturista MENOR é o número de agulhas usado por ele.

Atualmente o calibre (diâmetro) das agulhas é semelhante a um fio de cabelo, são de aço inoxidável e descartáveis.

Antigamente o paciente adquiria as agulhas e após cada sessão levava para a sua casa, estas mesmas agulhas eram reutilizadas durante todo o processo de tratamento, hoje isso é inadmissível. 

As agulhas nem sempre são colocadas no mesmo local, próximo a lesão ou dor, os pontos podem ser bem distantes da região afetada. 

O tempo de duração da sessão vai depender do tratamento em questão, sendo de 5 a 20 minutos. A aplicação por mais de 30 minutos não acrescenta benefício algum. 

Pode ser realizada de 1 a 3 vezes na semana. O número de atendimentos varia entre 5 a 18 sessões. 

As agulhas são inseridas perpendicularmente ou inclinadas, a aplicação deve ocorrer em um local calmo e tranquilo.

Durante o atendimento o acupunturista estimulará as agulhas movendo-as em diversas direções ou usar um eletroestimulador (eletroacupuntura) com o objetivo de obter o Te Qi (De Ti). 

Te Qi significa captar energia, é uma sensação de adormecimento, sensação de peso, formigamento, leve choque elétrico após a agulha ter atingido a profundidade necessária (0,5cm a 3cm).
Na visão da MTC, após a obtenção do Te Qi o fluxo energético dos meridianos é restabelecido.
Outro fato muito comum é o paciente imaginar que precisa acreditar na técnica, e isso não é uma verdade absoluta. O Mecanismo de ação da acupuntura ocorrerá independente da crença dele ou não. 

É obvio que ninguém ingere um medicamento pensando que o mesmo não surtirá nenhum efeito!

Muitas vezes o paciente acredita que somente médicos estão aptos a aplicar a acupuntura. Isso NÃO é verdade. Qualquer profissional da área da saúde que seja especializado em Acupuntura sistêmica está apto. 

Apesar de ser considerada patrimônio intangível da humanidade, ou seja, qualquer pessoa pode aprender e aplicar a técnica, recomenda-se que seja aplicada por uma pessoa da área da saúde, pois estes profissionais têm conhecimento específico em Anatomia e Fisiologia humana. Fato de extrema relevância devido a existência dos pontos proibidos. 

Hoje sabemos, após muitos estudos científicos, que a acupuntura promove a liberação de opióides endógenos (analgésicos), serotonina (antidepressivo) e cortisol (anti-inflamatório). Acredita-se que o peso do efeito placebo deva ser pequeno, já que a acupuntura em Veterinária é tão eficiente quanto em humanos. 
No entanto, a Acupuntura não funciona para tudo. 

Como foi mencionado no início do texto a acupuntura é uma terapia complementar, o paciente deve em primeiro lugar consultar um profissional de primeiro contato da área da saúde, como por exemplo o fisioterapeuta especialista em Acupuntura.


Referências Bibliográficas

Lai HC, Lin YW, Hsieh CL. Acupuncture-Analgesia-Mediated Alleviation of Central SensitizationEvid Based Complement Alternat Med. 2019 Mar 7. 

Naik PN, Kiran RA, Yalamanchal S, Kumar VA, Goli S, Vashist N. Acupuncture: An Alternative Therapy in Dentistry and Its Possible Applications.Med Acupunct. 2014 Dec 1; 26(6):308-314.

Tafarell MO, Freitas PMC.Acupuncture and analgesia: clinical applications and main acupoints: Revisão Bibliográfica.Ciência Rural, 2009 Dez; 39(9):2665-2672. 

Wen T S. Manual Terapêutico de Acupuntura. São Paulo: Editora Manole; 2008. 
Paterson C, Briteten N. Acupuncture as a Complex Intervention: A Holistic Model.The Journal of Alternative and Complementary Medicine. 2004; 10(5): 791–801.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

VOCÊ TEM LORDOSE?


VOCÊ TEM LORDOSE?
Você tem Lordose??
Sim, todos nós temos lordoses!

É importante esclarecer o conceito de lordose.
A coluna vertebral possui curvaturas fisiológicas (naturais), são elas: as lordoses e as cifoses.

- Lordose é a curvatura normal projetada para dentro (lordose cervical e lombar).
- Cifose é a curvatura normal projetada para fora (cifose torácica e sacral).

No entanto, muitas pessoas confundem o termo LORDOSE E CIFOSE (curvaturas normais) com HIPERLORDOSE e HIPERCIFOSE (curvaturas excessivas).

Temos ainda: Hipolordose e hipocifose, que são reduções das curvaturas, conhecidas como retificação da coluna lombar e torácica respectivamente.

Por hora vamos nos ater apenas a HIPERLORDOSE LOMBAR.

A literatura não tem sido clara sobre as consequências da hiperlordose lombar. Alguns estudos afirmam que esta condição pode provocar desconfortos e outros estudos dizem o contrário.

Entretanto, a relação entre curvatura da coluna vertebral e saúde foi explorada por meio de uma revisão sistemática da literatura em um estudo recente. Este estudo encontrou uma associação entre as curvaturas acentuadas e distúrbios de saúde. 

Em geral, a hiperlordose lombar promove alterações posturais como: proeminência dos glúteos para trás (bumbum empinado), e está associada a alteração da posição do quadril que se projeta para frente e para baixo formando o que chamamos de anteversão pélvica.

Mas a hiperlordose pode causar dor lombar?   

Quase sempre ela é assintomática. Geralmente as pessoas buscam ajuda apenas para resolver o problema postural, e quando chegam para o atendimento, na maioria das vezes já desenvolveu diversos desequilíbrios estruturais (fatores que podem levar ao desenvolvimento de dor lombar), como:

- fraqueza da musculatura abdominal e glúteos;
- encurtamento da musculatura lombar;
- projeção do abdome para frente e flacidez;
- hipercifose torácica (aspecto corcunda),

A hiperlordose lombar é flexível, redutível e melhora com a reeducação postural. 

Pode ter várias causas: obesidade, gravidez, deambulação (caminhar de salto alto), dormir em decúbito ventral (de barriga para baixo) e sentar em cadeiras sem apoio.

As medidas gerais de tratamento e prevenção, consistem em evitar o ortostatismo (ficar em pé) prolongado, atividades que envolvam hiperextensão lombar, uso prolongado de salto alto, controle de peso e, fisioterapia.

Na fisioterapia são realizados exercícios de alongamento, flexibilidade, fortalecimento, propriocepção (noção que temos de nosso corpo em termos sensitivos) e estabilidade. 

A reeducação postural global (RPG) e o pilates são excelentes aliados nestes casos.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

HÉRNIA DE DISCO DÓI?


HÉRNIA DE DISCO DÓI?

Na maioria das vezes não! 
Quando uma pessoa sente dor o que ela mais quer é o alívio imediato e saber porque está sentindo tal desconforto. Então, procura um médico que, comumente, solicita um exame de imagem, com a intenção de encontrar algo que justifique aquele quadro.
Pois bem, provavelmente o paciente sai do consultório médico com uma receita de anti-inflamatório, analgésico, relaxante muscular e até de antidepressivo. É possível também que saia com a guia para realizar um exame, geralmente de ressonância magnética nuclear (RMN). 
No retorno, está com o exame de imagem em mãos, acompanhado de um pacote gigantesco, (apesar da digitalização de imagens, alguns laboratórios imprimem as imagens em filmes enormes). Enfim, o médico realiza o habitual ritual: abre o exame e coloca cada página de imagem no negatoscópio, verificando detalhadamente cada corte. O paciente neste momento está atento e ansioso para, finalmente, ouvir a justificativa, o verdadeiro motivo daquela dor terrível. O médico por sua vez após analisar as imagens dirige-se a ao paciente e diz: “olha, sua coluna está ruim para a sua idade, aqui está o motivo: presença de hérnia discal em L4-L5, L5-S1, desidratação dos discos, abaulamento ente L3-L4, etc.. ” 
O paciente sente-se aliviado e ao mesmo tempo inseguro, pois finalmente foi identificada a razão da dor. 
Porém, 95% dos casos a hérnia discal, pasmem, é assintomática. É isso mesmo, não apresentam sintomas. 
O mais grave de tudo isso, é o efeito psicológico negativo (Nocebo) que é gerado nesse paciente. A partir disso ele passa a proteger a coluna supostamente danificada, tornando-se cada vez mais sedentário, movimentando-se cada vez menos, agravando cada vez mais o quadro. Existe, ainda, uma grande possibilidade de peregrinação em busca de outro médico, técnicas e terapias milagrosas, etc.
É muito comum um paciente passar por intervenção cirúrgica de hérnia discal e continuar sentindo dor. Por quê? Porque os discos intervertebrais não são as únicas estruturas, presentes na coluna, responsáveis pelo processo doloroso, e isso não significa que exista alguma outra estrutura (ligamento, articulação, faceta, tendão, etc.) machucada. 
No entanto, não podemos esquecer que estamos envelhecendo e alterações degenerativas nas estruturas da coluna, visualizadas em exames, são perfeitamente normais. Isso também não significa que todas as pessoas sintam dor pelo fato de estarem envelhecendo.
Acredite, é possível envelhecer sem dor apesar de todas as alterações estruturais presentes. 
Mas então, de onde vem a dor?
É neste momento que o papel do fisioterapeuta é fundamental. 
O paciente deve passar por avaliação fisioterapêutica completa para que seja possível identificar a raiz do problema e traçar um plano de tratamento individualizado e personalizado. Cada caso é um caso e a dor nem sempre é fruto de tecido lesionado.
Proponho, aqui, um desafio àqueles que não sentem dor lombar: façam um exame de imagem. Posso garantir que grande parte destas pessoas apresentarão alterações estruturais, e isso não tem relevância nenhuma, afinal de contas não sentem dor. 

Curiosidade:
Foi realizada uma revisão sistemática, trinta e três artigos foram avaliados e 3110 indivíduos assintomáticos (sem dor) que participaram dos estudos apresentaram achados de imagem: 
-presença de degeneração (desgaste) discal em 37% dos indivíduos de 20 anos de idade assintomáticos;
-presença de degeneração discal em 96% dos indivíduos de 80 anos de idade assintomáticos;
-protrusão de disco em 29% dos indivíduos de 20 anos de idade assintomáticos;
-protrusão de disco em 43% dos indivíduos de 80 anos de idade assintomáticos; 
-fissura anular em 19% dos pacientes de anos de idade assintomáticos;
-fissura anular em 29% dos pacientes de anos de idade assintomáticos.
Portanto, achados de imagem de degeneração da coluna estão presentes em altas proporções em indivíduos assintomáticos. 
Muitas características degenerativas baseadas em imagens são provavelmente parte do envelhecimento normal e não estão associadas à dor. 
(© 2015_American Journal of Neuroradiology. http://www.ajnr.org/content/36/4/811.long)

terça-feira, 14 de maio de 2019

O MÉDICO PEDIU REPOUSO ABSOLUTO! E AGORA?



Dor lombar crônica!!!
O médico disse repouso absoluto!
E agora?

Segundo as evidências científicas atuais esta recomendação está ultrapassada há pelo menos 20 anos.  A dor lombar crônica é definida como dor em pelo menos uma região anatômica, que persiste ou reincide por mais de três meses e está associada a sofrimento emocional e incapacidade funcional. Na grande maioria das vezes a dor lombar não está relacionada a patologias graves. O primeiro erro é achar que dor lombar ou lombalgia, é uma doença, quando na verdade é apenas um sintoma. As causas podem ser específicas ou inespecíficas. A dor lombar é inespecífica em 85-90% das vezes, ou seja, não se consegue identificar a sua causa com exatidão, e específica em 10-15% dos casos, quando existe um fator causal (trauma, infecção, inflamação, tumor, hérnia discal grau avançado, ou outra).
A dor lombar de causa inespecífica, geralmente não está relacionada a um único fator, é uma condição que não escolhe homens ou mulheres, todos estamos suscetíveis a apresentar episódios de dor na coluna durante a vida. Atualmente, a lombalgia é a ocorrência mais comum dentre as queixas de dor nos consultórios de fisioterapia, e é também a maior causa de afastamento do trabalho e pedidos de aposentadoria. 
Mas meu médico me recomendou repouso, e agora?
Infelizmente, ainda existem médicos que utilizam protocolos antigos e pouco eficientes para o tratamento das lombalgias. Por muito anos, prescreveram repouso, medicamentos, bloqueios anestésicos, e até cirurgia. Isso vem mudando com o passar dos anos. Muitos médicos já deixaram de prescrever repouso e passaram a encaminhar o paciente para a fisioterapia desde o primeiro contato. Se o seu médico lhe recomendou repouso é melhor procurar uma segunda opinião.
Sabemos que ficar deitado não diminui a intensidade nem a duração do quadro de dor, muito pelo contrário, ficar parado também provoca dor. O repouso faz com que o paciente fique extremamente intolerante ao movimento, levando-o a pensar que a diminuição de movimentos lhe trará benefícios e alívio. Isso é um erro terrível.
O corpo humano não foi feito para ficar parado, deve estar sempre em movimento. Os músculos e as articulações permanecem saudáveis a medida que são estimulados. Quando não há movimento as estruturas perdem a plasticidade, perdem rapidamente a capacidade de elasticidade gerando encurtamentos e falta de mobilidade.  O indivíduo se sente literalmente travado. Por esse motivo, quando permanecemos em repouso e decidimos voltar a nos movimentar, e não conseguimos fazer determinada atividade, desistimos facilmente pois a dor piora muito. Como consequência, o paciente desenvolve condições que só pioram a situação, como catastrofismo e cinesiofobia (falarei em outra oportunidade sobre estas condições).
Portanto, quando se fala dor lombar, com certeza o repouso não é o melhor remédio, pelo contrário, quanto mais deitada e sentada você ficar, mais difícil será a sua recuperação. O ideal é tentar se manter ativo dentro do possível para que a recuperação seja melhor e mais rápida. Outro erro é utilizar cintas, faixas e coletes para aliviar a dor, isso só piorará o quadro gerando mais atrofia da musculatura. A bolsa de água quente pode ajudar a relaxar a musculatura, mas não será suficiente. 
Para bons resultados, é necessário passar por uma avaliação adequada, onde será levado em consideração diversos fatores. É necessário conhecer o paciente em toda a sua complexidade. 

quarta-feira, 8 de maio de 2019

ALONGAMENTO: ANTES OU DEPOIS DO TREINO DE MUSCULAÇÃO



ALONGAMENTO: ANTES OU DEPOIS DO TREINO DE MUSCULAÇÃO?

Ao longo dos anos, durante a prática de consultório, pude notar que existem muitos mitos e dúvidas em torno dessa questão, principalmente para o paciente que passou por reabilitação fisioterapêutica e está apto a retornar aos treinos de musculação.Devemos ressaltar que todos os pacientes que passaram por tratamento de fisioterapia, devem escolher e praticar a atividade física que mais lhe agrade, a fim de prevenir recaídas. As evidências científicas atuais apontam para um conceito bem diferente do que foi preconizado há alguns anos e isso não quer dizer que esta verdade seja absoluta, o mundo muda, tudo é muito dinâmico e não seria diferente nessa questão.
Bem, dito isto, vamos aos esclarecimentos.
Devemos primeiramente ter em mente que o alongamento é uma técnica utilizada para promover a flexibilidade e não o aquecimento como muitas pessoas pensam. A flexibilidade permite que os movimentos sejam realizados em amplitudes articulares maiores. Estes movimentos quando limitados geram sobrecarga articular, compensações motoras e, consequentemente lesão e dor. Além disso, músculos encurtados não geram força suficiente, resultando em menor potencial de ganho muscular. 
Mas, e aí? Devemos alongar antes, após ou nas duas situações? A resposta à esta pergunta seria nem antes e nem após. O ideal seria programar as sessões de alongamento em períodos distantes dos treinos (alongamento de manhã e musculação a tarde) ou em dias alternados (um dia musculação e no outro alongamento).
Porém, sabemos que nosso tempo quase sempre é escasso, e devemos otimizar ao máximo o quanto permanecemos na academia.  Sendo assim, ao realizar o alongamento prefira fazê-lo após os treinos. Mas lembre-se que o grupo muscular alongado deverá ser aquele que não foi trabalhado na musculação no mesmo dia. Geralmente nos pós treinos a musculatura trabalhada se encontra rígida e encurtada e se você insistir em alongar imediatamente após a realização do exercício, o risco de lesão será muito grande. 
Por outro lado, o alongamento antes dos treinos também não previne lesões e compromete a qualidade do exercício.
Ah, você me deixou confusa(o), se não devo alongar, o que posso fazer para aquecer antes dos treinos de musculação, devo usar esteira ou bicicleta? Não, necessariamente... Geralmente, aquele aquecimento de 10 a 20 minutos na esteira ou bike que vemos ou fazemos ao chegar na academia, funciona mais para entrarmos no clima e não funciona como aquecimento pré musculação.
O aquecimento específico para a musculação deve ser feito no próprio aparelho e com carga reduzida. Mas isso é da competência do educador físico, ele lhe dirá qual a carga e as séries para esse fim.
Consultar um especialista da área antes de qualquer atividade física ou treino é fundamental.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

A POSTURA IDEAL EXISTE?

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Se respondeu SIM, parabéns, você acertou!

Porém, a resposta para esta pergunta não é tão simples assim. 
Sente-se em um lugar confortável, abra a mente, e irei lhe dizer o por quê!
Muitas vezes, em nosso dia a dia, nos deparamos com situações estressantes, desentendimentos, dissabores, decorrentes de mal-entendidos. Tudo isso é devido as interpretações errôneas que damos para determinados fatos, acabamos muitas vezes, nos precipitando, e tendo como resultado algo extremamente nocivo a mente e ao corpo.
Antigamente, eu acreditava que as respostas é que moviam o mundo, hoje entendo que, na verdade, são as perguntas que movem o mundo, (pois), a maneira como interpretamos uma pergunta, faz toda a diferença, muda tudo. E isso não seria diferente ao falarmos de algo tão polêmico como a postura.
Ao falarmos sobre postura, nossa memória recorre aos “arquivos cerebrais”, e de acordo com as nossas vivências e experiências, interpretamos e elaboramos uma resposta(.) (Porém), quando falamos em postura, temos que recorrer ao real significado da palavra e colocá-la em um contexto. Tudo dependerá do contexto. Abaixo alguns significados da palavra POSTURA:

1. Posição do corpo ou de uma parte dele.
2. Modo de manter o corpo ou de compor os movimentos dele; atitude. 

3. Aspecto físico ou expressão fisionômica.
4. Ponto de vista; maneira de pensar e agir; atitude.

Neste momento, iremos abordar, apenas, os dois primeiros conceitos. 
Quando pensamos em postura, nos vem à cabeça uma lembrança da infância ou adolescência, justamente quando nossos pais e professores diziam: “ajeite esta postura”; “endireite estas costas”; “que postura horrível”; “sente-se direito”; “vai ficar corcunda”; etc...
Hoje, ao ouvirmos a palavra postura, na maioria das vezes, quase que de modo automático, “esticamos o corpo”, “nos ajeitamos na cadeira”, “endireitamos a cabeça”, e seguimos assim por toda a vida, e mesmo assim, desenvolvemos alterações estruturais que resultam em dores. Mas isso é assunto para um outro momento.
Pois bem, hoje venho lhes trazer a boa nova, venho para lhes dizer, esqueça tudo isso!
Isso mesmo, esqueça! 
Mas calma. Não, eu não estou louca, irei explicar...
Voltemos para a pergunta inicial.
Existe postura ideal? Sim, existe. A postura ideal é aquela, na qual nos sentimos confortáveis; é, e sempre será a nossa próxima posição. Postura é atitude, é algo que muda constantemente. Nosso corpo e nosso cérebro estão intimamente ligados. Quando uma determinada postura (posição) nos causa desconforto, o próprio cérebro envia mensagens ao corpo para que nos movamos, e assim ocorra a próxima posição. 
O Corpo e suas partes, não foram programados para permanecerem na mesma posição por longos períodos. O corpo fala, e nós não ouvimos! E é por isso que seguimos sentindo dores na coluna cervical, torácica, lombar, etc.
No dia a dia, no trabalho de consultório, percebo que, muitas pessoas confundem a palavra “ideal”, com a palavra “correta”. Postura ideal, é aquela que buscamos realizar todos os dias, e a todo momento, seja no trabalho, seja em casa, seja onde for. Quando utilizamos o termo postura correta, estamos errando, pois não existe postura certa ou errada. Ou seja aquela postura que devemos adotar, e nela permanecer por longos períodos.

IDEAL X CORRETO.
O que é Ideal: Algo que procuramos alcançar e realizar.
O que é correto:
Aquilo que é certo, que não possui erros, e obedece a regras.

Daqui para frente, entenda que existe a postura corporal ideal, frente a uma tarefa, mas postura corporal correta, não existe.
É natural que você esteja se lembrando, daquela moça que viu no metrô hoje cedo carregando uma mochila pesada com a coluna toda “torta”, aquele rapaz que você viu sentado com a cabeça baixa mexendo no celular, aquela criança toda largada no sofá, ou ainda aquela pessoa sentada relaxadamente na cadeira; e talvez pense que estas pessoas provavelmente sintam dor. A resposta é, pode ser que sim, pode ser que não. Tudo vai depender de quanto tempo esta pessoa permanece nessas posturas, e o quanto o seu corpo desenvolve estratégias de adaptação.
Provavelmente, um turbilhão de pensamentos pode estar surgindo em sua mente neste momento, e você pense: que bom, agora não tenho mais que me preocupar com postura...Calma, não é bem assim!
Lembre-se, você deve mudar constantemente a sua posição corporal durante as atividades que realiza no dia a dia. 
Lembre-se, o corpo não foi feito para ficar parado na mesma posição por longos períodos. 
Movimente-se. 
Procure um profissional para entender como o seu corpo funciona, para entender a razão daquela dorzinha na lombar e por que será que ela vai e volta...