quinta-feira, 17 de outubro de 2019

EFEITO NOCEBO


A palavra placebo é muito mais comum no nosso dia a dia. Quem é que nunca tomou uma aguinha com açúcar naquele momento de estresse para se acalmar, e acabou se acalmando mesmo? 

Se analisarmos o efeito deste ato chegaremos a uma conclusão curiosa, a ideia que a água com açúcar se torna um “calmante” não faz sentido, pois o açúcar fornece energia para o corpo e não o contrário. 

E é aqui que entra o famoso efeito PLACEBO, você acredita que aquela mistura te deixará mais tranquila e acabada deixando mesmo.

O efeito NOCEBO é o oposto!
Quem é que nunca teve aquele encontro com uma amiga querida e a mesma lançou aquele: 
“Nossa amiga(o), que olheiras são essas?”
“Nossa amiga(o), você está tão pálida?”

De repente, você que estava bem até então, começa a duvidar de sua saúde e passa a ter reações desagradáveis como resultado de algo que não faz sentido algum.

Ou então, a pessoa passa a ter reações desagradáveis como resultado de algo que não pode fazer mal, por exemplo:
Ser picada por uma cobra não venenosa.

Os profissionais da área da saúde também acabam reproduzindo o efeito Nocebo em seus consultórios, por exemplo:
É muito comum o paciente com dor lombar ou cervical consultar o médico e o mesmo solicitar exames de imagem. 

Lembre-se, tudo o que o paciente quer naquele momento é se livrar da dor, e entender o que está acontecendo com ele.

O médico prescreve o uso de analgésicos, solicita exames de imagem, geralmente a ressonância magnética, ultrassom ou tomografia.
No retorno, o paciente que ainda não se livrou da dor, apesar de medicado (Isso ocorre por diversos fatores, uma vez que o medicamento atua apenas no sintoma e não na causa), ouve do médico:
“Sua coluna parece a de uma pessoa de 90 anos!”
“Seu joelho está osso com osso!”
“Desde jeito você terá que fazer exercícios somente na água!”

O paciente neste instante se sente inseguro e “coisas” começam a passar pela sua cabeça, como:
“Sou frágil!”
“Não posso fazer nada!”
“Não posso dobrar a coluna ou virar o pescoço!”
“Daqui a uns anos não vou conseguir me mover!”

Isso é o efeito NOCEBO, o próprio profissional da saúde induz o paciente erroneamente a pensar que seu caso é grave, e que não vai se livrar do problema tão fácil, etc. 

É necessário que os profissionais de saúde entendam todo o processo que o paciente vivencia para obter sucesso em seu tratamento, em alguns casos é necessário uma equipe interdisciplinar: Médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, etc.

É importante mencionar que cada paciente precisa de uma abordagem específica, e apenas uma avaliação funcional é que vai determinar os rumos do tratamento. 

A reabilitação de uma pessoa com dor não pode ser limitada ao resultado do exames.

O vídeo acima mostra o episódio onde o Seu Madruga começa a adoecer porque todo mundo pergunta se ele "se sente mal”.

E você, já sofreu com esse efeito ou algo assim? 

Referências 
Benedetti F. Placebo and the new physiology of the doctor-patient relationship. Physiol Rev. 2013;93(3):1207-46. 

Testa M, Rossettini G. Enhance placebo, avoid nocebo: How contextual factors affect physiotherapy outcomes. Man Ther. 2016;65-74. 

https://youtu.be/_DWLJ-Wj_lo


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