terça-feira, 13 de agosto de 2019

O QUE FAZ UM FISIOTERAPEUTA?


VOCÊ SABE O QUE UM FISIOTERAPEUTA FAZ?

Por incrível que pareça ainda existem muitas dúvidas por parte dos pacientes e alguns profissionais da área da saúde sobre a atuação do fisioterapeuta.

Talvez isso se deva ao fato de ser uma das áreas mais jovens da saúde. A primeira escola de reabilitação foi criada no Rio de Janeiro em 1956 pela Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR).

Mas o que faz um fisioterapeuta?
Em poucas palavras podemos dizer que o fisioterapeuta é o profissional do movimento. Não curamos patologias, apenas devolvemos função às estruturas acometidas por patologias.

O fisioterapeuta também atua na prevenção de lesões (infelizmente a nossa cultura é de tratamento e não de prevenção).
Certa vez durante o atendimento de fisioterapia um paciente de dor lombar crônica disse a seguinte frase:
“Mas eu vim para fazer fisioterapia e não exercícios.” 
Surpresa com aquela reação perguntei o que seria fisioterapia para ele, o qual me respondeu:
‘’Há muitos anos sinto esta dor e sempre fui tratado com choquinho, Ultrassom e alongamentos.”
Fica claro o desconhecimento do paciente e a sua visão distorcida de que fisioterapia seja algo passivo quando na realidade fisioterapia é o contrário, sendo o próprio paciente o protagonista e não o fisioterapeuta. (Não vou entrar no mérito da conduta usada pelo profissional, sabemos hoje que a eletroterapia não é a conduta mais adequada para este caso). 
É fato que para uma boa prática profissional as condutas fisioterapêuticas estejam adequadas às preferências e ao consentimento do paciente. 
Por este motivo é fundamental que o fisioterapeuta seja um facilitador da reflexão do paciente para que valores culturais nocivos, como a cultura do conforto sejam desconstruídos. 
É muito comum que o paciente resista em mudar seu estilo de vida. Fatores como sedentarismo, preguiça e necessidade excessiva de conforto podem ser os agentes causadores de seu desconforto.
Sendo assim, muitas vezes o paciente espera que o atendimento de fisioterapia seja composto apenas por condutas passivas, eximindo toda a sua responsabilidade sobre o tratamento.
É fato que cada caso é um caso, porém, em vias gerais o atendimento de fisioterapia é composto em sua maior parte por condutas ativas (realizadas pelo próprio paciente).
É dever do fisioterapeuta educar sobre a influência de comportamentos nocivos a saúde, facilitando a mudança no estilo de vida, promovendo assim um estilo de vida com mais movimento.
Afinal, a fisioterapia não termina no momento que se finaliza o atendimento, é um processo que vai além da clínica de fisioterapia.
Referências 
Santurbano P. Evolução e movimentação humana. São Paulo; 2017. 
Cavalcante CVL, Rodrigues AR, Dadalto TV, Silva EB. The scientific evolution of the Brazilian physical therapy in 40 years as a profession. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 3, p. 513-522, jul./set. 2011 
https://www.abbr.org.br/abbr/historico/historico.html

domingo, 4 de agosto de 2019

ACUPUNTURA FUNCIONA?


SIM, Funciona e muito!

A acupuntura é uma das principais modalidades de tratamento da medicina tradicional chinesa (MTC). É uma importante técnica complementar ao tratamento de várias patologias.

Pode ser aplicada sozinha ou integrada com outras técnicas. Tem sido utilizada para tratar dores agudas, crônicas e condições psiquiátricas (depressão, ansiedade, dependências e etc.)

Segundo a visão oriental o objetivo da acupuntura é promover o equilíbrio da energia vital (Qi: pronuncia-se ti em Chinês). Quando esta energia se encontra em desequilíbrio surgem as patologias e os seus sintomas.

O Qi (energia vital) é dividido em dois grandes grupos, o Yin e o Yang, estas são energias opostas. Os seres humanos são considerados saudáveis quando o yin e o yang estão em equilíbrio e em quantidade suficiente (Filosofia Taoísta).

O Qi circula no corpo através dos meridianos (canais de energia). Ao todo temos 14 meridianos, sendo, 12 principais e 02 extraordinários. Estão presentes nos meridianos 365 pontos de acupuntura (acupontos).

Os pontos necessários para o tratamento são selecionados a partir de uma criteriosa avaliação composta por duas etapas:

01 – A primeira etapa o paciente geralmente não percebe, pois é realizada através de observações, como: modo de caminhar, postura, forma corporal, expressão do rosto, cabelos, tom de voz, gestos, olhos, orelhas, nariz, pele, lábios e respiração.

02 - A segunda etapa é composta por interrogatório, e dependendo do caso, pulsologia e inspeção da língua.

Após a avaliação o acupunturista elabora a sua estratégia, seleciona os pontos adequados e inicia o tratamento. Não existe receita de bolo, cada caso é um caso!

O número de agulhas pode variar de 01 a 15. Quanto maior a expertise do acupunturista MENOR é o número de agulhas usado por ele.

Atualmente o calibre (diâmetro) das agulhas é semelhante a um fio de cabelo, são de aço inoxidável e descartáveis.

Antigamente o paciente adquiria as agulhas e após cada sessão levava para a sua casa, estas mesmas agulhas eram reutilizadas durante todo o processo de tratamento, hoje isso é inadmissível. 

As agulhas nem sempre são colocadas no mesmo local, próximo a lesão ou dor, os pontos podem ser bem distantes da região afetada. 

O tempo de duração da sessão vai depender do tratamento em questão, sendo de 5 a 20 minutos. A aplicação por mais de 30 minutos não acrescenta benefício algum. 

Pode ser realizada de 1 a 3 vezes na semana. O número de atendimentos varia entre 5 a 18 sessões. 

As agulhas são inseridas perpendicularmente ou inclinadas, a aplicação deve ocorrer em um local calmo e tranquilo.

Durante o atendimento o acupunturista estimulará as agulhas movendo-as em diversas direções ou usar um eletroestimulador (eletroacupuntura) com o objetivo de obter o Te Qi (De Ti). 

Te Qi significa captar energia, é uma sensação de adormecimento, sensação de peso, formigamento, leve choque elétrico após a agulha ter atingido a profundidade necessária (0,5cm a 3cm).
Na visão da MTC, após a obtenção do Te Qi o fluxo energético dos meridianos é restabelecido.
Outro fato muito comum é o paciente imaginar que precisa acreditar na técnica, e isso não é uma verdade absoluta. O Mecanismo de ação da acupuntura ocorrerá independente da crença dele ou não. 

É obvio que ninguém ingere um medicamento pensando que o mesmo não surtirá nenhum efeito!

Muitas vezes o paciente acredita que somente médicos estão aptos a aplicar a acupuntura. Isso NÃO é verdade. Qualquer profissional da área da saúde que seja especializado em Acupuntura sistêmica está apto. 

Apesar de ser considerada patrimônio intangível da humanidade, ou seja, qualquer pessoa pode aprender e aplicar a técnica, recomenda-se que seja aplicada por uma pessoa da área da saúde, pois estes profissionais têm conhecimento específico em Anatomia e Fisiologia humana. Fato de extrema relevância devido a existência dos pontos proibidos. 

Hoje sabemos, após muitos estudos científicos, que a acupuntura promove a liberação de opióides endógenos (analgésicos), serotonina (antidepressivo) e cortisol (anti-inflamatório). Acredita-se que o peso do efeito placebo deva ser pequeno, já que a acupuntura em Veterinária é tão eficiente quanto em humanos. 
No entanto, a Acupuntura não funciona para tudo. 

Como foi mencionado no início do texto a acupuntura é uma terapia complementar, o paciente deve em primeiro lugar consultar um profissional de primeiro contato da área da saúde, como por exemplo o fisioterapeuta especialista em Acupuntura.


Referências Bibliográficas

Lai HC, Lin YW, Hsieh CL. Acupuncture-Analgesia-Mediated Alleviation of Central SensitizationEvid Based Complement Alternat Med. 2019 Mar 7. 

Naik PN, Kiran RA, Yalamanchal S, Kumar VA, Goli S, Vashist N. Acupuncture: An Alternative Therapy in Dentistry and Its Possible Applications.Med Acupunct. 2014 Dec 1; 26(6):308-314.

Tafarell MO, Freitas PMC.Acupuncture and analgesia: clinical applications and main acupoints: Revisão Bibliográfica.Ciência Rural, 2009 Dez; 39(9):2665-2672. 

Wen T S. Manual Terapêutico de Acupuntura. São Paulo: Editora Manole; 2008. 
Paterson C, Briteten N. Acupuncture as a Complex Intervention: A Holistic Model.The Journal of Alternative and Complementary Medicine. 2004; 10(5): 791–801.