quinta-feira, 30 de maio de 2019

VOCÊ TEM LORDOSE?


VOCÊ TEM LORDOSE?
Você tem Lordose??
Sim, todos nós temos lordoses!

É importante esclarecer o conceito de lordose.
A coluna vertebral possui curvaturas fisiológicas (naturais), são elas: as lordoses e as cifoses.

- Lordose é a curvatura normal projetada para dentro (lordose cervical e lombar).
- Cifose é a curvatura normal projetada para fora (cifose torácica e sacral).

No entanto, muitas pessoas confundem o termo LORDOSE E CIFOSE (curvaturas normais) com HIPERLORDOSE e HIPERCIFOSE (curvaturas excessivas).

Temos ainda: Hipolordose e hipocifose, que são reduções das curvaturas, conhecidas como retificação da coluna lombar e torácica respectivamente.

Por hora vamos nos ater apenas a HIPERLORDOSE LOMBAR.

A literatura não tem sido clara sobre as consequências da hiperlordose lombar. Alguns estudos afirmam que esta condição pode provocar desconfortos e outros estudos dizem o contrário.

Entretanto, a relação entre curvatura da coluna vertebral e saúde foi explorada por meio de uma revisão sistemática da literatura em um estudo recente. Este estudo encontrou uma associação entre as curvaturas acentuadas e distúrbios de saúde. 

Em geral, a hiperlordose lombar promove alterações posturais como: proeminência dos glúteos para trás (bumbum empinado), e está associada a alteração da posição do quadril que se projeta para frente e para baixo formando o que chamamos de anteversão pélvica.

Mas a hiperlordose pode causar dor lombar?   

Quase sempre ela é assintomática. Geralmente as pessoas buscam ajuda apenas para resolver o problema postural, e quando chegam para o atendimento, na maioria das vezes já desenvolveu diversos desequilíbrios estruturais (fatores que podem levar ao desenvolvimento de dor lombar), como:

- fraqueza da musculatura abdominal e glúteos;
- encurtamento da musculatura lombar;
- projeção do abdome para frente e flacidez;
- hipercifose torácica (aspecto corcunda),

A hiperlordose lombar é flexível, redutível e melhora com a reeducação postural. 

Pode ter várias causas: obesidade, gravidez, deambulação (caminhar de salto alto), dormir em decúbito ventral (de barriga para baixo) e sentar em cadeiras sem apoio.

As medidas gerais de tratamento e prevenção, consistem em evitar o ortostatismo (ficar em pé) prolongado, atividades que envolvam hiperextensão lombar, uso prolongado de salto alto, controle de peso e, fisioterapia.

Na fisioterapia são realizados exercícios de alongamento, flexibilidade, fortalecimento, propriocepção (noção que temos de nosso corpo em termos sensitivos) e estabilidade. 

A reeducação postural global (RPG) e o pilates são excelentes aliados nestes casos.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

HÉRNIA DE DISCO DÓI?


HÉRNIA DE DISCO DÓI?

Na maioria das vezes não! 
Quando uma pessoa sente dor o que ela mais quer é o alívio imediato e saber porque está sentindo tal desconforto. Então, procura um médico que, comumente, solicita um exame de imagem, com a intenção de encontrar algo que justifique aquele quadro.
Pois bem, provavelmente o paciente sai do consultório médico com uma receita de anti-inflamatório, analgésico, relaxante muscular e até de antidepressivo. É possível também que saia com a guia para realizar um exame, geralmente de ressonância magnética nuclear (RMN). 
No retorno, está com o exame de imagem em mãos, acompanhado de um pacote gigantesco, (apesar da digitalização de imagens, alguns laboratórios imprimem as imagens em filmes enormes). Enfim, o médico realiza o habitual ritual: abre o exame e coloca cada página de imagem no negatoscópio, verificando detalhadamente cada corte. O paciente neste momento está atento e ansioso para, finalmente, ouvir a justificativa, o verdadeiro motivo daquela dor terrível. O médico por sua vez após analisar as imagens dirige-se a ao paciente e diz: “olha, sua coluna está ruim para a sua idade, aqui está o motivo: presença de hérnia discal em L4-L5, L5-S1, desidratação dos discos, abaulamento ente L3-L4, etc.. ” 
O paciente sente-se aliviado e ao mesmo tempo inseguro, pois finalmente foi identificada a razão da dor. 
Porém, 95% dos casos a hérnia discal, pasmem, é assintomática. É isso mesmo, não apresentam sintomas. 
O mais grave de tudo isso, é o efeito psicológico negativo (Nocebo) que é gerado nesse paciente. A partir disso ele passa a proteger a coluna supostamente danificada, tornando-se cada vez mais sedentário, movimentando-se cada vez menos, agravando cada vez mais o quadro. Existe, ainda, uma grande possibilidade de peregrinação em busca de outro médico, técnicas e terapias milagrosas, etc.
É muito comum um paciente passar por intervenção cirúrgica de hérnia discal e continuar sentindo dor. Por quê? Porque os discos intervertebrais não são as únicas estruturas, presentes na coluna, responsáveis pelo processo doloroso, e isso não significa que exista alguma outra estrutura (ligamento, articulação, faceta, tendão, etc.) machucada. 
No entanto, não podemos esquecer que estamos envelhecendo e alterações degenerativas nas estruturas da coluna, visualizadas em exames, são perfeitamente normais. Isso também não significa que todas as pessoas sintam dor pelo fato de estarem envelhecendo.
Acredite, é possível envelhecer sem dor apesar de todas as alterações estruturais presentes. 
Mas então, de onde vem a dor?
É neste momento que o papel do fisioterapeuta é fundamental. 
O paciente deve passar por avaliação fisioterapêutica completa para que seja possível identificar a raiz do problema e traçar um plano de tratamento individualizado e personalizado. Cada caso é um caso e a dor nem sempre é fruto de tecido lesionado.
Proponho, aqui, um desafio àqueles que não sentem dor lombar: façam um exame de imagem. Posso garantir que grande parte destas pessoas apresentarão alterações estruturais, e isso não tem relevância nenhuma, afinal de contas não sentem dor. 

Curiosidade:
Foi realizada uma revisão sistemática, trinta e três artigos foram avaliados e 3110 indivíduos assintomáticos (sem dor) que participaram dos estudos apresentaram achados de imagem: 
-presença de degeneração (desgaste) discal em 37% dos indivíduos de 20 anos de idade assintomáticos;
-presença de degeneração discal em 96% dos indivíduos de 80 anos de idade assintomáticos;
-protrusão de disco em 29% dos indivíduos de 20 anos de idade assintomáticos;
-protrusão de disco em 43% dos indivíduos de 80 anos de idade assintomáticos; 
-fissura anular em 19% dos pacientes de anos de idade assintomáticos;
-fissura anular em 29% dos pacientes de anos de idade assintomáticos.
Portanto, achados de imagem de degeneração da coluna estão presentes em altas proporções em indivíduos assintomáticos. 
Muitas características degenerativas baseadas em imagens são provavelmente parte do envelhecimento normal e não estão associadas à dor. 
(© 2015_American Journal of Neuroradiology. http://www.ajnr.org/content/36/4/811.long)

terça-feira, 14 de maio de 2019

O MÉDICO PEDIU REPOUSO ABSOLUTO! E AGORA?



Dor lombar crônica!!!
O médico disse repouso absoluto!
E agora?

Segundo as evidências científicas atuais esta recomendação está ultrapassada há pelo menos 20 anos.  A dor lombar crônica é definida como dor em pelo menos uma região anatômica, que persiste ou reincide por mais de três meses e está associada a sofrimento emocional e incapacidade funcional. Na grande maioria das vezes a dor lombar não está relacionada a patologias graves. O primeiro erro é achar que dor lombar ou lombalgia, é uma doença, quando na verdade é apenas um sintoma. As causas podem ser específicas ou inespecíficas. A dor lombar é inespecífica em 85-90% das vezes, ou seja, não se consegue identificar a sua causa com exatidão, e específica em 10-15% dos casos, quando existe um fator causal (trauma, infecção, inflamação, tumor, hérnia discal grau avançado, ou outra).
A dor lombar de causa inespecífica, geralmente não está relacionada a um único fator, é uma condição que não escolhe homens ou mulheres, todos estamos suscetíveis a apresentar episódios de dor na coluna durante a vida. Atualmente, a lombalgia é a ocorrência mais comum dentre as queixas de dor nos consultórios de fisioterapia, e é também a maior causa de afastamento do trabalho e pedidos de aposentadoria. 
Mas meu médico me recomendou repouso, e agora?
Infelizmente, ainda existem médicos que utilizam protocolos antigos e pouco eficientes para o tratamento das lombalgias. Por muito anos, prescreveram repouso, medicamentos, bloqueios anestésicos, e até cirurgia. Isso vem mudando com o passar dos anos. Muitos médicos já deixaram de prescrever repouso e passaram a encaminhar o paciente para a fisioterapia desde o primeiro contato. Se o seu médico lhe recomendou repouso é melhor procurar uma segunda opinião.
Sabemos que ficar deitado não diminui a intensidade nem a duração do quadro de dor, muito pelo contrário, ficar parado também provoca dor. O repouso faz com que o paciente fique extremamente intolerante ao movimento, levando-o a pensar que a diminuição de movimentos lhe trará benefícios e alívio. Isso é um erro terrível.
O corpo humano não foi feito para ficar parado, deve estar sempre em movimento. Os músculos e as articulações permanecem saudáveis a medida que são estimulados. Quando não há movimento as estruturas perdem a plasticidade, perdem rapidamente a capacidade de elasticidade gerando encurtamentos e falta de mobilidade.  O indivíduo se sente literalmente travado. Por esse motivo, quando permanecemos em repouso e decidimos voltar a nos movimentar, e não conseguimos fazer determinada atividade, desistimos facilmente pois a dor piora muito. Como consequência, o paciente desenvolve condições que só pioram a situação, como catastrofismo e cinesiofobia (falarei em outra oportunidade sobre estas condições).
Portanto, quando se fala dor lombar, com certeza o repouso não é o melhor remédio, pelo contrário, quanto mais deitada e sentada você ficar, mais difícil será a sua recuperação. O ideal é tentar se manter ativo dentro do possível para que a recuperação seja melhor e mais rápida. Outro erro é utilizar cintas, faixas e coletes para aliviar a dor, isso só piorará o quadro gerando mais atrofia da musculatura. A bolsa de água quente pode ajudar a relaxar a musculatura, mas não será suficiente. 
Para bons resultados, é necessário passar por uma avaliação adequada, onde será levado em consideração diversos fatores. É necessário conhecer o paciente em toda a sua complexidade. 

quarta-feira, 8 de maio de 2019

ALONGAMENTO: ANTES OU DEPOIS DO TREINO DE MUSCULAÇÃO



ALONGAMENTO: ANTES OU DEPOIS DO TREINO DE MUSCULAÇÃO?

Ao longo dos anos, durante a prática de consultório, pude notar que existem muitos mitos e dúvidas em torno dessa questão, principalmente para o paciente que passou por reabilitação fisioterapêutica e está apto a retornar aos treinos de musculação.Devemos ressaltar que todos os pacientes que passaram por tratamento de fisioterapia, devem escolher e praticar a atividade física que mais lhe agrade, a fim de prevenir recaídas. As evidências científicas atuais apontam para um conceito bem diferente do que foi preconizado há alguns anos e isso não quer dizer que esta verdade seja absoluta, o mundo muda, tudo é muito dinâmico e não seria diferente nessa questão.
Bem, dito isto, vamos aos esclarecimentos.
Devemos primeiramente ter em mente que o alongamento é uma técnica utilizada para promover a flexibilidade e não o aquecimento como muitas pessoas pensam. A flexibilidade permite que os movimentos sejam realizados em amplitudes articulares maiores. Estes movimentos quando limitados geram sobrecarga articular, compensações motoras e, consequentemente lesão e dor. Além disso, músculos encurtados não geram força suficiente, resultando em menor potencial de ganho muscular. 
Mas, e aí? Devemos alongar antes, após ou nas duas situações? A resposta à esta pergunta seria nem antes e nem após. O ideal seria programar as sessões de alongamento em períodos distantes dos treinos (alongamento de manhã e musculação a tarde) ou em dias alternados (um dia musculação e no outro alongamento).
Porém, sabemos que nosso tempo quase sempre é escasso, e devemos otimizar ao máximo o quanto permanecemos na academia.  Sendo assim, ao realizar o alongamento prefira fazê-lo após os treinos. Mas lembre-se que o grupo muscular alongado deverá ser aquele que não foi trabalhado na musculação no mesmo dia. Geralmente nos pós treinos a musculatura trabalhada se encontra rígida e encurtada e se você insistir em alongar imediatamente após a realização do exercício, o risco de lesão será muito grande. 
Por outro lado, o alongamento antes dos treinos também não previne lesões e compromete a qualidade do exercício.
Ah, você me deixou confusa(o), se não devo alongar, o que posso fazer para aquecer antes dos treinos de musculação, devo usar esteira ou bicicleta? Não, necessariamente... Geralmente, aquele aquecimento de 10 a 20 minutos na esteira ou bike que vemos ou fazemos ao chegar na academia, funciona mais para entrarmos no clima e não funciona como aquecimento pré musculação.
O aquecimento específico para a musculação deve ser feito no próprio aparelho e com carga reduzida. Mas isso é da competência do educador físico, ele lhe dirá qual a carga e as séries para esse fim.
Consultar um especialista da área antes de qualquer atividade física ou treino é fundamental.