quinta-feira, 26 de março de 2020

Como Podemos melhorar a capacidade respiratória durante a Covid-19?





https://www.youtube.com/watch?v=nYMwEtkRe4M&feature=youtu.be



A prevenção continua sendo a melhor arma contra qualquer tipo de acometimento patológico.

Portanto, é bom lembrar que devemos: 

1)    Evite aglomerações e contato físico. 
2)    Higienize as mãos, lave-as com água e sabão, 
3)    Utilize álcool gel 70% (na ausência de água e sabão), 
4)    Não toque os olhos, boca e nariz com as mãos sujas, 
5)    Cubra nariz e boca ao tossir ou espirrar. 

A fisioterapia respiratória, é uma especialidade que vem para prevenir e acelerar o tratamento de doenças que acometem os pulmões. São usados equipamentos, exercícios e manobras específicas cujo objetivo é melhorar a troca gasosa, a oxigenação e a ventilação do pulmão. Com isso aumentamos a capacidade respiratória do paciente e potencializamos a função cardíaca e muscular.

Geralmente, boa parte das complicações respiratórias e dos sintomas respiratórios ocorrem devido a diminuição expansibilidade torácica dos pacientes.

Diversos pacientes, mesmo os saudáveis, podem apresentar queixa de dispneia (falta de ar) causada muitas vezes pela ausência de consciência ventilatória, fato que leva a diminuição de expansão de tórax.

Nesta fase de isolamento social é importante mantermos a nossa expansibilidade torácica em dia porque ela diminui bastante as complicações pulmonares. 

Para que isso ocorra é preciso respirar profundamente. 

Os exercícios respiratórios tem uma função bem maior do que parece, não é usada somente para acalmar, mas sim levar oxigênio e outros gases para dentro do nosso sistema cardiopulmonar, e abastecer nossa circulação periférica promovendo a manutenção de produção de energia

É extremamente importante realizar os exercícios respiratórios associados ao movimento do corpo. É preciso manter os exercícios no dia-a-dia dentro de casa, como por exemplo:  levantar a cada duas horas, caminhar, fazer exercícios utilizando uma cadeira, um cabo de vassoura, o que tiver em casa.

Atualmente temos uma infinidade de programas de exercícios para fazer em casa na internet, abaixo citarei 3 exercícios respiratórios como um ótimo aliado nesse momento. 

Primeira coisa que temos que pensar é que devemos puxar o ar pelo nariz e soltar pela boca. O nariz é um sistema que: umidifica, aquece e aprisiona partículas, a boca não faz isso. 

Exercícios

1)  Respiração Diafragmática: Deite em uma superfície plana, coloque as tuas mãos sobre o diafragma, puxe o ar pela boca empurrando as mãos para cima (estufando a barriga), em seguida solte o ar pela boca, através dos dentes cerrados. Repita por 3 vezes.
Obs: deixe o ar sair naturalmente, não force, pois pode ocorrer tontura. 
A Medida que você estiver se adaptando pode mudar a posição para sentada, e posteriormente em pé.

2)  Respiração Diafragmática com bastão: Puxe o ar pelo nariz (estufando a barriga), eleve ao mesmo tempo o bastão acima da cabeça, solte o ar por entre os dentes abaixando o bastão. Repita por três vezes.

3)  Respiração Diafragmática em 3 tempos: Puxe o ar pelo nariz em três etapas ao mesmo tempo eleve o bastão, solte o ar em três tempos e abaixando o bastão.  Repita por 3 vezes

Quantas vezes posso fazer estes exercícios?
- Quantas vezes você quiser. Faça sentado, deitado em pé. 
Não tem contraindicação. 
- Faça de manhã, a tarde e a noite antes de dormir.
- Não force a expiração, você por sentir tontura.

Para ter melhor compreensão acesse o vídeo em:

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

EFEITO NOCEBO


A palavra placebo é muito mais comum no nosso dia a dia. Quem é que nunca tomou uma aguinha com açúcar naquele momento de estresse para se acalmar, e acabou se acalmando mesmo? 

Se analisarmos o efeito deste ato chegaremos a uma conclusão curiosa, a ideia que a água com açúcar se torna um “calmante” não faz sentido, pois o açúcar fornece energia para o corpo e não o contrário. 

E é aqui que entra o famoso efeito PLACEBO, você acredita que aquela mistura te deixará mais tranquila e acabada deixando mesmo.

O efeito NOCEBO é o oposto!
Quem é que nunca teve aquele encontro com uma amiga querida e a mesma lançou aquele: 
“Nossa amiga(o), que olheiras são essas?”
“Nossa amiga(o), você está tão pálida?”

De repente, você que estava bem até então, começa a duvidar de sua saúde e passa a ter reações desagradáveis como resultado de algo que não faz sentido algum.

Ou então, a pessoa passa a ter reações desagradáveis como resultado de algo que não pode fazer mal, por exemplo:
Ser picada por uma cobra não venenosa.

Os profissionais da área da saúde também acabam reproduzindo o efeito Nocebo em seus consultórios, por exemplo:
É muito comum o paciente com dor lombar ou cervical consultar o médico e o mesmo solicitar exames de imagem. 

Lembre-se, tudo o que o paciente quer naquele momento é se livrar da dor, e entender o que está acontecendo com ele.

O médico prescreve o uso de analgésicos, solicita exames de imagem, geralmente a ressonância magnética, ultrassom ou tomografia.
No retorno, o paciente que ainda não se livrou da dor, apesar de medicado (Isso ocorre por diversos fatores, uma vez que o medicamento atua apenas no sintoma e não na causa), ouve do médico:
“Sua coluna parece a de uma pessoa de 90 anos!”
“Seu joelho está osso com osso!”
“Desde jeito você terá que fazer exercícios somente na água!”

O paciente neste instante se sente inseguro e “coisas” começam a passar pela sua cabeça, como:
“Sou frágil!”
“Não posso fazer nada!”
“Não posso dobrar a coluna ou virar o pescoço!”
“Daqui a uns anos não vou conseguir me mover!”

Isso é o efeito NOCEBO, o próprio profissional da saúde induz o paciente erroneamente a pensar que seu caso é grave, e que não vai se livrar do problema tão fácil, etc. 

É necessário que os profissionais de saúde entendam todo o processo que o paciente vivencia para obter sucesso em seu tratamento, em alguns casos é necessário uma equipe interdisciplinar: Médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, etc.

É importante mencionar que cada paciente precisa de uma abordagem específica, e apenas uma avaliação funcional é que vai determinar os rumos do tratamento. 

A reabilitação de uma pessoa com dor não pode ser limitada ao resultado do exames.

O vídeo acima mostra o episódio onde o Seu Madruga começa a adoecer porque todo mundo pergunta se ele "se sente mal”.

E você, já sofreu com esse efeito ou algo assim? 

Referências 
Benedetti F. Placebo and the new physiology of the doctor-patient relationship. Physiol Rev. 2013;93(3):1207-46. 

Testa M, Rossettini G. Enhance placebo, avoid nocebo: How contextual factors affect physiotherapy outcomes. Man Ther. 2016;65-74. 

https://youtu.be/_DWLJ-Wj_lo


terça-feira, 13 de agosto de 2019

O QUE FAZ UM FISIOTERAPEUTA?


VOCÊ SABE O QUE UM FISIOTERAPEUTA FAZ?

Por incrível que pareça ainda existem muitas dúvidas por parte dos pacientes e alguns profissionais da área da saúde sobre a atuação do fisioterapeuta.

Talvez isso se deva ao fato de ser uma das áreas mais jovens da saúde. A primeira escola de reabilitação foi criada no Rio de Janeiro em 1956 pela Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR).

Mas o que faz um fisioterapeuta?
Em poucas palavras podemos dizer que o fisioterapeuta é o profissional do movimento. Não curamos patologias, apenas devolvemos função às estruturas acometidas por patologias.

O fisioterapeuta também atua na prevenção de lesões (infelizmente a nossa cultura é de tratamento e não de prevenção).
Certa vez durante o atendimento de fisioterapia um paciente de dor lombar crônica disse a seguinte frase:
“Mas eu vim para fazer fisioterapia e não exercícios.” 
Surpresa com aquela reação perguntei o que seria fisioterapia para ele, o qual me respondeu:
‘’Há muitos anos sinto esta dor e sempre fui tratado com choquinho, Ultrassom e alongamentos.”
Fica claro o desconhecimento do paciente e a sua visão distorcida de que fisioterapia seja algo passivo quando na realidade fisioterapia é o contrário, sendo o próprio paciente o protagonista e não o fisioterapeuta. (Não vou entrar no mérito da conduta usada pelo profissional, sabemos hoje que a eletroterapia não é a conduta mais adequada para este caso). 
É fato que para uma boa prática profissional as condutas fisioterapêuticas estejam adequadas às preferências e ao consentimento do paciente. 
Por este motivo é fundamental que o fisioterapeuta seja um facilitador da reflexão do paciente para que valores culturais nocivos, como a cultura do conforto sejam desconstruídos. 
É muito comum que o paciente resista em mudar seu estilo de vida. Fatores como sedentarismo, preguiça e necessidade excessiva de conforto podem ser os agentes causadores de seu desconforto.
Sendo assim, muitas vezes o paciente espera que o atendimento de fisioterapia seja composto apenas por condutas passivas, eximindo toda a sua responsabilidade sobre o tratamento.
É fato que cada caso é um caso, porém, em vias gerais o atendimento de fisioterapia é composto em sua maior parte por condutas ativas (realizadas pelo próprio paciente).
É dever do fisioterapeuta educar sobre a influência de comportamentos nocivos a saúde, facilitando a mudança no estilo de vida, promovendo assim um estilo de vida com mais movimento.
Afinal, a fisioterapia não termina no momento que se finaliza o atendimento, é um processo que vai além da clínica de fisioterapia.
Referências 
Santurbano P. Evolução e movimentação humana. São Paulo; 2017. 
Cavalcante CVL, Rodrigues AR, Dadalto TV, Silva EB. The scientific evolution of the Brazilian physical therapy in 40 years as a profession. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 3, p. 513-522, jul./set. 2011 
https://www.abbr.org.br/abbr/historico/historico.html

domingo, 4 de agosto de 2019

ACUPUNTURA FUNCIONA?


SIM, Funciona e muito!

A acupuntura é uma das principais modalidades de tratamento da medicina tradicional chinesa (MTC). É uma importante técnica complementar ao tratamento de várias patologias.

Pode ser aplicada sozinha ou integrada com outras técnicas. Tem sido utilizada para tratar dores agudas, crônicas e condições psiquiátricas (depressão, ansiedade, dependências e etc.)

Segundo a visão oriental o objetivo da acupuntura é promover o equilíbrio da energia vital (Qi: pronuncia-se ti em Chinês). Quando esta energia se encontra em desequilíbrio surgem as patologias e os seus sintomas.

O Qi (energia vital) é dividido em dois grandes grupos, o Yin e o Yang, estas são energias opostas. Os seres humanos são considerados saudáveis quando o yin e o yang estão em equilíbrio e em quantidade suficiente (Filosofia Taoísta).

O Qi circula no corpo através dos meridianos (canais de energia). Ao todo temos 14 meridianos, sendo, 12 principais e 02 extraordinários. Estão presentes nos meridianos 365 pontos de acupuntura (acupontos).

Os pontos necessários para o tratamento são selecionados a partir de uma criteriosa avaliação composta por duas etapas:

01 – A primeira etapa o paciente geralmente não percebe, pois é realizada através de observações, como: modo de caminhar, postura, forma corporal, expressão do rosto, cabelos, tom de voz, gestos, olhos, orelhas, nariz, pele, lábios e respiração.

02 - A segunda etapa é composta por interrogatório, e dependendo do caso, pulsologia e inspeção da língua.

Após a avaliação o acupunturista elabora a sua estratégia, seleciona os pontos adequados e inicia o tratamento. Não existe receita de bolo, cada caso é um caso!

O número de agulhas pode variar de 01 a 15. Quanto maior a expertise do acupunturista MENOR é o número de agulhas usado por ele.

Atualmente o calibre (diâmetro) das agulhas é semelhante a um fio de cabelo, são de aço inoxidável e descartáveis.

Antigamente o paciente adquiria as agulhas e após cada sessão levava para a sua casa, estas mesmas agulhas eram reutilizadas durante todo o processo de tratamento, hoje isso é inadmissível. 

As agulhas nem sempre são colocadas no mesmo local, próximo a lesão ou dor, os pontos podem ser bem distantes da região afetada. 

O tempo de duração da sessão vai depender do tratamento em questão, sendo de 5 a 20 minutos. A aplicação por mais de 30 minutos não acrescenta benefício algum. 

Pode ser realizada de 1 a 3 vezes na semana. O número de atendimentos varia entre 5 a 18 sessões. 

As agulhas são inseridas perpendicularmente ou inclinadas, a aplicação deve ocorrer em um local calmo e tranquilo.

Durante o atendimento o acupunturista estimulará as agulhas movendo-as em diversas direções ou usar um eletroestimulador (eletroacupuntura) com o objetivo de obter o Te Qi (De Ti). 

Te Qi significa captar energia, é uma sensação de adormecimento, sensação de peso, formigamento, leve choque elétrico após a agulha ter atingido a profundidade necessária (0,5cm a 3cm).
Na visão da MTC, após a obtenção do Te Qi o fluxo energético dos meridianos é restabelecido.
Outro fato muito comum é o paciente imaginar que precisa acreditar na técnica, e isso não é uma verdade absoluta. O Mecanismo de ação da acupuntura ocorrerá independente da crença dele ou não. 

É obvio que ninguém ingere um medicamento pensando que o mesmo não surtirá nenhum efeito!

Muitas vezes o paciente acredita que somente médicos estão aptos a aplicar a acupuntura. Isso NÃO é verdade. Qualquer profissional da área da saúde que seja especializado em Acupuntura sistêmica está apto. 

Apesar de ser considerada patrimônio intangível da humanidade, ou seja, qualquer pessoa pode aprender e aplicar a técnica, recomenda-se que seja aplicada por uma pessoa da área da saúde, pois estes profissionais têm conhecimento específico em Anatomia e Fisiologia humana. Fato de extrema relevância devido a existência dos pontos proibidos. 

Hoje sabemos, após muitos estudos científicos, que a acupuntura promove a liberação de opióides endógenos (analgésicos), serotonina (antidepressivo) e cortisol (anti-inflamatório). Acredita-se que o peso do efeito placebo deva ser pequeno, já que a acupuntura em Veterinária é tão eficiente quanto em humanos. 
No entanto, a Acupuntura não funciona para tudo. 

Como foi mencionado no início do texto a acupuntura é uma terapia complementar, o paciente deve em primeiro lugar consultar um profissional de primeiro contato da área da saúde, como por exemplo o fisioterapeuta especialista em Acupuntura.


Referências Bibliográficas

Lai HC, Lin YW, Hsieh CL. Acupuncture-Analgesia-Mediated Alleviation of Central SensitizationEvid Based Complement Alternat Med. 2019 Mar 7. 

Naik PN, Kiran RA, Yalamanchal S, Kumar VA, Goli S, Vashist N. Acupuncture: An Alternative Therapy in Dentistry and Its Possible Applications.Med Acupunct. 2014 Dec 1; 26(6):308-314.

Tafarell MO, Freitas PMC.Acupuncture and analgesia: clinical applications and main acupoints: Revisão Bibliográfica.Ciência Rural, 2009 Dez; 39(9):2665-2672. 

Wen T S. Manual Terapêutico de Acupuntura. São Paulo: Editora Manole; 2008. 
Paterson C, Briteten N. Acupuncture as a Complex Intervention: A Holistic Model.The Journal of Alternative and Complementary Medicine. 2004; 10(5): 791–801.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

VOCÊ TEM LORDOSE?


VOCÊ TEM LORDOSE?
Você tem Lordose??
Sim, todos nós temos lordoses!

É importante esclarecer o conceito de lordose.
A coluna vertebral possui curvaturas fisiológicas (naturais), são elas: as lordoses e as cifoses.

- Lordose é a curvatura normal projetada para dentro (lordose cervical e lombar).
- Cifose é a curvatura normal projetada para fora (cifose torácica e sacral).

No entanto, muitas pessoas confundem o termo LORDOSE E CIFOSE (curvaturas normais) com HIPERLORDOSE e HIPERCIFOSE (curvaturas excessivas).

Temos ainda: Hipolordose e hipocifose, que são reduções das curvaturas, conhecidas como retificação da coluna lombar e torácica respectivamente.

Por hora vamos nos ater apenas a HIPERLORDOSE LOMBAR.

A literatura não tem sido clara sobre as consequências da hiperlordose lombar. Alguns estudos afirmam que esta condição pode provocar desconfortos e outros estudos dizem o contrário.

Entretanto, a relação entre curvatura da coluna vertebral e saúde foi explorada por meio de uma revisão sistemática da literatura em um estudo recente. Este estudo encontrou uma associação entre as curvaturas acentuadas e distúrbios de saúde. 

Em geral, a hiperlordose lombar promove alterações posturais como: proeminência dos glúteos para trás (bumbum empinado), e está associada a alteração da posição do quadril que se projeta para frente e para baixo formando o que chamamos de anteversão pélvica.

Mas a hiperlordose pode causar dor lombar?   

Quase sempre ela é assintomática. Geralmente as pessoas buscam ajuda apenas para resolver o problema postural, e quando chegam para o atendimento, na maioria das vezes já desenvolveu diversos desequilíbrios estruturais (fatores que podem levar ao desenvolvimento de dor lombar), como:

- fraqueza da musculatura abdominal e glúteos;
- encurtamento da musculatura lombar;
- projeção do abdome para frente e flacidez;
- hipercifose torácica (aspecto corcunda),

A hiperlordose lombar é flexível, redutível e melhora com a reeducação postural. 

Pode ter várias causas: obesidade, gravidez, deambulação (caminhar de salto alto), dormir em decúbito ventral (de barriga para baixo) e sentar em cadeiras sem apoio.

As medidas gerais de tratamento e prevenção, consistem em evitar o ortostatismo (ficar em pé) prolongado, atividades que envolvam hiperextensão lombar, uso prolongado de salto alto, controle de peso e, fisioterapia.

Na fisioterapia são realizados exercícios de alongamento, flexibilidade, fortalecimento, propriocepção (noção que temos de nosso corpo em termos sensitivos) e estabilidade. 

A reeducação postural global (RPG) e o pilates são excelentes aliados nestes casos.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

HÉRNIA DE DISCO DÓI?


HÉRNIA DE DISCO DÓI?

Na maioria das vezes não! 
Quando uma pessoa sente dor o que ela mais quer é o alívio imediato e saber porque está sentindo tal desconforto. Então, procura um médico que, comumente, solicita um exame de imagem, com a intenção de encontrar algo que justifique aquele quadro.
Pois bem, provavelmente o paciente sai do consultório médico com uma receita de anti-inflamatório, analgésico, relaxante muscular e até de antidepressivo. É possível também que saia com a guia para realizar um exame, geralmente de ressonância magnética nuclear (RMN). 
No retorno, está com o exame de imagem em mãos, acompanhado de um pacote gigantesco, (apesar da digitalização de imagens, alguns laboratórios imprimem as imagens em filmes enormes). Enfim, o médico realiza o habitual ritual: abre o exame e coloca cada página de imagem no negatoscópio, verificando detalhadamente cada corte. O paciente neste momento está atento e ansioso para, finalmente, ouvir a justificativa, o verdadeiro motivo daquela dor terrível. O médico por sua vez após analisar as imagens dirige-se a ao paciente e diz: “olha, sua coluna está ruim para a sua idade, aqui está o motivo: presença de hérnia discal em L4-L5, L5-S1, desidratação dos discos, abaulamento ente L3-L4, etc.. ” 
O paciente sente-se aliviado e ao mesmo tempo inseguro, pois finalmente foi identificada a razão da dor. 
Porém, 95% dos casos a hérnia discal, pasmem, é assintomática. É isso mesmo, não apresentam sintomas. 
O mais grave de tudo isso, é o efeito psicológico negativo (Nocebo) que é gerado nesse paciente. A partir disso ele passa a proteger a coluna supostamente danificada, tornando-se cada vez mais sedentário, movimentando-se cada vez menos, agravando cada vez mais o quadro. Existe, ainda, uma grande possibilidade de peregrinação em busca de outro médico, técnicas e terapias milagrosas, etc.
É muito comum um paciente passar por intervenção cirúrgica de hérnia discal e continuar sentindo dor. Por quê? Porque os discos intervertebrais não são as únicas estruturas, presentes na coluna, responsáveis pelo processo doloroso, e isso não significa que exista alguma outra estrutura (ligamento, articulação, faceta, tendão, etc.) machucada. 
No entanto, não podemos esquecer que estamos envelhecendo e alterações degenerativas nas estruturas da coluna, visualizadas em exames, são perfeitamente normais. Isso também não significa que todas as pessoas sintam dor pelo fato de estarem envelhecendo.
Acredite, é possível envelhecer sem dor apesar de todas as alterações estruturais presentes. 
Mas então, de onde vem a dor?
É neste momento que o papel do fisioterapeuta é fundamental. 
O paciente deve passar por avaliação fisioterapêutica completa para que seja possível identificar a raiz do problema e traçar um plano de tratamento individualizado e personalizado. Cada caso é um caso e a dor nem sempre é fruto de tecido lesionado.
Proponho, aqui, um desafio àqueles que não sentem dor lombar: façam um exame de imagem. Posso garantir que grande parte destas pessoas apresentarão alterações estruturais, e isso não tem relevância nenhuma, afinal de contas não sentem dor. 

Curiosidade:
Foi realizada uma revisão sistemática, trinta e três artigos foram avaliados e 3110 indivíduos assintomáticos (sem dor) que participaram dos estudos apresentaram achados de imagem: 
-presença de degeneração (desgaste) discal em 37% dos indivíduos de 20 anos de idade assintomáticos;
-presença de degeneração discal em 96% dos indivíduos de 80 anos de idade assintomáticos;
-protrusão de disco em 29% dos indivíduos de 20 anos de idade assintomáticos;
-protrusão de disco em 43% dos indivíduos de 80 anos de idade assintomáticos; 
-fissura anular em 19% dos pacientes de anos de idade assintomáticos;
-fissura anular em 29% dos pacientes de anos de idade assintomáticos.
Portanto, achados de imagem de degeneração da coluna estão presentes em altas proporções em indivíduos assintomáticos. 
Muitas características degenerativas baseadas em imagens são provavelmente parte do envelhecimento normal e não estão associadas à dor. 
(© 2015_American Journal of Neuroradiology. http://www.ajnr.org/content/36/4/811.long)